terça-feira, 4 de setembro de 2018


Soldado poeta

Noite cerra.
O poeta sai do aquartelamento
Com os seus camaradas.
Mosquitos por todo o lado.
Segue-nos zumbido, por esta dessa floresta.
sempre a pensar no perigo,
chegar seja onde for.
Páramos. Camuflamos.
E olha a multidão,
De mosquitos e ienes
Tudo parece o silencio
suavemente, com horror.

Abre o saco de dormir parece fantástico,
Impossível, mas não é.
Estamos - numa operação secreta.

Boca seca, o sal corre pelo rosto
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
espreita um iene nua, seus olhos brilhantes.
Ela chora como uma criança,
a noite é a sua única certeza.

Eu aqui, mas o inferno ainda não começou.
de novo para o mundo.
Meio mundo dorme, nós aqui como leões,
Há espera do seu jantar.
dói-me, o coração chora.
Sonâmbulo, eu espero pelas presas
Lá ao longe um fantasma. Oiço o estalar.
Um luar terrífico.

Três da madrugada.
Ouvimos vozes, a noite apunhala devora-nos,
e o suar das armas entoa, gritos e ais no ambiente…
olhos e pensamentos terríveis.
Fiel, atento, comprido uma merda duma missão 
E os leões leva-os arrastando-os pelo cachaço.
O buraco negro e a Pide encarregam-se deles.
Carlos Pombo ano1964
Todos os poemas 
@Reservado Direito de Autor