Aníbal Milhais |
Chegada a
hora da tropa foi incorporado no Regimento de Bragança e mais tarde no de
Chaves. Em 1917 partiu para a frente de combate. Um ano depois, chegava o
"grande momento", o da Batalha de La Lys, na Flandres.
O dia
preciso: 9 de Abril.
Rezam as
crónicas que uma força portuguesa se viu atacada pelos alemães. A nossa força
chegou a ser destroçada e a situação era «a pior possível».
Muitos
portugueses foram mortos e os sobreviventes obrigados a retirar.
O soldado
Milhais viu-se sozinho numa trincheira e, então, ergue-se, de metralhadora Lotz
em punho, e varreu uma coluna de alemães que vinham em motocicletas. Terá feito
o mesmo ás colunas de "boches" que entretanto surgiram. Parece que os
alemães terão julgado que, em vez de um camponês sozinho, enfrentavam um
fortíssimo regimento de portugueses e ingleses. Mas, afinal, era apenas Milhais
e a sua querida "Luísa", nome da metralhadora.
O acto
isolado deste soldado permitiu aos aliados tomar posição trinta e tal
quilómetros mais atrás. Milhais, esse, continuou sozinho, a vaguear pelos
campos, tendo apenas «amêndoas doces» para comer. Reza também a história que
salvou um grupo de escoceses de serem capturados, disparando sobre os alemães
que os perseguiam.
Quatro dias
depois da batalha, encontrou um médico escocês que o salvou de morrer afogado
num pântano. Foi este médico, para sempre agradecido, que deu conta ao exército
aliado dos feitos do soldado transmontano.
Chegado ao
acampamento, Milhais foi efusivamente abraçado pelo seu comandante (General
Tamagnini): «Tu és milhais, mas vales
milhões».
Por causa
desse feito Milhões recebeu a Ordem de Torre e Espada de Valor, Lealdade e
Mérito, em Isberg.
Perante o
soldado, que, no fundo, era apenas um homem simples e grande contador de
histórias, desfilaram «em continência» 15 mil soldados aliados.
Depois de
terminada a guerra, o soldado recebeu outras condecorações portuguesas e
estrangeiras
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